Estimados Sampedrenses, amigos leitores e visitantes;
Hoje a proposta que vos trago é a de, para alguns, um reavivar de memórias de um passado ainda não muito distante, e para outros, o de tomar conhecimento de alguns recantos que, para além da sua natural beleza, fizeram e são história nas vivências dos nossos antepassados.
Por proposta de meu primo “Guto” e tendo-o como guia, bem como ao “Zé da Berta”, aquando das minhas férias grandes (Agosto 2010), realizámos um bonito passeio do qual aqui vos trago testemunho.
Os “quinhentos”, termo tão conhecido pelos nossos pais e avós, mais não são que uma área que, pela sua localização e uso, não se pode desassociar dos “caminhos do contrabando” e que toma o seu nome num marco delimitador de fronteiras com a gravação do referido número.
Ali bem perto, no marco “501”, ainda de pé, mas já em avançado estado de degradação, nas terras de “nuestros hermanos”, é-nos dado a observar o “caseto dos guardilhas”.
A referida estrutura, para além de “quartel” das forças policiais vizinhas, que patrulhavam a fronteira, tentando impedir o referido contrabando, que na maioria das vezes, mais não era que um par de pães para mitigar a fome que grassava na maior parte do nosso país, tinha também como função o de presídio temporário a quem fosse apanhado em tais “lides”.
Um pouco mais abaixo verifica-se a existência de uma grande massa granítica de onde se destaca o “Barroco do Bicho”, nome que nos vem já dos nossos antepassados. Inserida nessa grande massa encontra-se uma abertura, hoje já parcialmente encoberta, que se diz “dava acesso a um grande salão” no interior da rocha, onde, assim contam os “dizeres”, se poderia andar “quase de pé”. Do lado contrário pode observar-se uma outra entrada, esta muito mais exígua, logo por cima da dita “cova do taxão”.
Foi-me dito que ali mesmo, ainda na mesma massa granítica, poderia ver a “pedra que bole”, mas os meus “guias” nesta aventura, não o conseguiram descortinar. Ficará para uma próxima.
Infelizmente, sim porque não há bela sem senão, também nesses locais me foi dado observar, uma prática de muito má índole – a caça furtiva. Na parede que ladeia o barroco, pude observar uma meia dúzia de laços, que em lugares estratégicos, esperavam pelas suas presas. Como será de prever, foram os mesmos destruídos, tendo ficado o(s) oportunista(s) sem o almejado pecúlio.
De notar que no post utilizo alcunhas, que de maneira nenhuma pretendem “atacar” o bom nome das pessoas em causa, tratando-se apenas de uma prática arreigada nas nossas terras, bem como termos que, constando também do nosso muito próprio vocabulário, que em seguida e para quem os não conheça, vos darei significado. Os termos referidos encontram-se, no texto, referenciados a bold e com a cor Mogno.
Barroco – Termo do pré-romano e que significa pedra.
Taxão – Termo local dado ao Texugo. Animal de pernas curtas e atarracado, carnívoro que pertence à família dos mustelídeos (Mustelidae, a mesma família de mamíferos e dos furões, doninhas, lontras, e muitos outros tipos de carnívoros).
Bole – Apesar do verbo bolir não constar dos dicionários actuais, em tempos antigos podemos encontrar esta grafia. Pedra que bole está relacionada com a grafia bolir, correspondendo a «mexer-se como uma bola». Note-se ainda que a palavra bola provém do vocábulo latino ‘bulla’ e bulir provém do verbo latino ‘bullire’.
Esperando vos tenha agradado esta pequena excursão e agradecendo a paciência e tempo, dispendidos na aventura, pelos meus amigos Augusto e Zé …
Observação: Deixar o rato repousar uns segundos sobre a imagem para que possam ler as legendas das mesmas.
Um forte abraço deste Sampedrense convicto
Citrus Sénior
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