Seja bem-vindo(a) ao espaço que pretende ser, simultaneamente, depósito de memória e elemento catalisador de união entre os Sampedrenses.
Ao contrário do que o nome possa fazer transparecer, não se trata de uma associação que exija vinculo por quotas, mas sim, de um grupo de sampedrenses que pretendem, com a sua união, ver nascer uma tradição que querem fomentada e implementada por todos.

Viva SÃO PEDRO DE RIO SECO


18 de outubro de 2010

DEBULHA, MALHA, TRILHA, DEGRANAR

Estimados Sampedrenses, amigos leitores e visitantes

Uma vez mais tive a felicidade de usufruir da, muito activa, colaboração do Prof. André que teve a amabilidade de nos enviar o texto que se segue, colmatando algumas falhas no post que anteriormente aqui coloquei e versando a mesma matéria. Pessoalmente endereço-lhe os meus maiores agradecimentos na elucidação e complemento da matéria.

DEBULHA, MALHA, TRILHA, DEGRANAR

Debulha: acto de debulhar, esbagoar, separar o grão das outras partes secas da planta;

Malha: acto de malhar;

Trilha: acto de trilhar;

Degranar: acto de tirar o grão;

Degranadeira: máquina para desengaçar as uvas (separar os bagos do engaço);

Se procedermos a uma ligeira análise dos vocábulos atrás expostos, verificamos que o vocábulo “debulha” se pode aplicar a todo o acto de tirar o grão de qualquer planta. Os outros vocábulos aplicam-se ao modo de fazer essa debulha.

Na nossa terra:

  •     A malha com mangual ou com máquina malhadeira aplicava-se ao centeio, separando o grão da palha que, pelas suas aplicações, devia ficar inteira (camas dos animais, encher as enxergas, …). O grão de bico (gravanço), o feijão, o milho, quando a produção era grande, também eram malhados a mangual.
  •     A trilha, acto de trilhar, era feita inicialmente com as patas dos animais, às voltas em cima da parva. Posteriormente, à junta animal, acoplou-se um trilho (duas ou três tábuas unidas por duas ou três travessas na parte de cima e com pequenos seixos partidos em forma de gume (pederneiras), incrustados na parte de baixo, com ou sem pequenos pedaços de serra, com rodas ou sem rodas. Nos últimos anos apareceram as máquinas trilhadeiras que facilitaram o trabalho e reduziram o tempo nele gasto. Todas estas formas de trilhar visavam separar o grão da palha que ficava esmagada e reduzida a pequenos pedaços. A palha trilhada destinava-se a alimento dos animais no período longo de Inverno.
  •     A degrana (não sei se existe este termo ou não, existe, contudo, degranar) era feita à mão, vagem por vagem, casulo por casulo, ou, no caso do milho, esfregando uma maçaroca contra a outra. E, já agora, lembra-se do vocábulo “descascabulhar”?
  •     No caso das uvas, os pés dos homens eram as melhores Degranadeiras.

Quanto aos nomes porque é conhecido o objecto composto por mango e pírtigo, o meu vocabulário activo ou passivo adquirido em S. Pedro apenas regista “mangual” e muito pouco “malho”. Quanto aos componentes do mangual o meu vocabulário regista:

Mango ou mangueira (parte em que o malhador pega) encimado pelo caraculo (uma espécie de carapuço metálico) onde atavam as correias ligadas ao pírtigo (parte mais curta e mais grossa do mangual. Este conjunto de correias davam pelo nome de fatos.

Não ponho em causa os outros nomes que penso serem usados em outras regiões.

A segunda fotografia que apresentas no blogue, regista o momento em que a junta de machos puxava a apanhadeira desviando a palha trilhada acumulada no “cu” da máquina. Momento divertido em que, sob a alçada de dois homens experientes que seguravam a corda presa nos extremos da apanhadeira, crianças e adultos se encavalitavam fazendo muro com os seus corpos que segurava a palha que se acumulava à frente da apanhadeira.”

Fruto do empenho e boa vontade dos colaboradores deste espaço, pudemos usufruir do conhecimento da vivência dos nossos antepassados, vivendo-as com estas explicações.

Um grande Bem-Haja

Um forte abraço deste Sampedrense convicto

Citrus Sénior

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